sexta-feira, 23 de março de 2012

Engolindo poeira e cuspindo tijolo por Andréia Farjallah



esses dias ando irritada, para alguns amigos e, principalmente, amigas isto é um escandalo, afinal, como posso eu está irritada ao final de uma gravidez super saudável de um menino lindo, fruto do meu casamento com o príncipe encantado, como  sempre sonhei?

Pois bem, estou!

É fato, não vou mentir, mas o descontrole se dá pelo fato de ser um fato onde não tenho controle. Os médicos fizeram uma sopa de datinhas na minha cabeça, então, planos e expectativas foram a mil, ao ponto de que agora estou indo para a maternidade no limite da minha gestação e morrendo de medo de entrar na faca, pois TUDO QUE EU QUERIA era um parto natural ou sobrenatural, como queiram chamar.

É chato ficar esperando, não sou paciente, nunca fui, nunca fui de briga, se é para brigar "tó pr'ocê, num quero". Tanto é que nunca lutei por ninguém ou por nada.

Quando foi para casar, pensei, quanto tempo isso durará? Mas não pense que não o amava, AMO e muito, tanto é que mantenho-me firme, até agora, na luta pela adaptação a vida a dois, ao dividir, partilhar, ser sensível, essas coisas todas que fazem a vida a dois suportável. 

Há quem diga, e eu concordo em partes, que sou assim porque sou filha unica, com raízes razas, parte por vontade própria, pois a família é grande, grande mesmo, parte porque sou meio cigana, onde chego sempre me pergunto "quando vou mudar de novo?". Atribua isso aos 33 anos de vida e 31 endereços e 32 mudanças realizadas. Não tenho lugar nesse mundo, se é para ir "bora". Não me apego. Amo, mas deixo livre. Tenho amigos que nunca vi, outros que nunca mais vi, mas que vivem forte em meu coração.

Hoje antes de começar a por no "papel" do blog esse relato me perguntava, será que esse amor louco que eu já sinto por meu filho tem limites? Será que vou ficar como aquele povo chato que tinha o hábito de postar no meu face sobre as dificuldades de ser mãe e blá blá blá...? Me questionei, por confrontar-me com a imagem da impaciencia em pessoa em pleno momento de ESPERA pela chegada do novo amor da minha vida. Será que não saberei esperar os passos da vida, que são precisos e milimétricos, vou me esquecer que ele não vai nascer sorrindo, limpo e cheiroso, muito menos sabendo comer, que tudo isso e muito mais serão passos que daremos juntos e que o magnífico é, justamente, acompanhar junto e ir guiando? 

Ansiei sair da janela da vida e partir para a vida real, andar nas ruas que ela oferece, agora nelas e será que estou sentindo falta das grades que me protegiam do outro lado da vida limitada? Não, acho que não. Espero que não.

Mas o bom de escrever é que a gente exorcisa e agora me sinto mais aliviada em minha IMPACIENCIA.

Vou seguir a vida agora, afinal tenho muito jogo para jogar e muitas horas para esperar até domingo (hoje é sexta).

bj!

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